O Programa
25 DE SETEMBRO (sexta-feira)
17h
Abertura
18h
Apresentação do livro “A Reprodução da Vida Quotidiana e outros escritos de Fredy Perlman” – a cargo dos editores
O escritor de origem eslava, naturalizado norte-americano, Fredy Perlman, foi uma das principais vozes da crítica anti-autoritária a ecoar entre o continente americano e europeu durante a segunda metade do século XX. Especialmente prolífico entre os anos 60 e 80, década em que acabou por falecer precocemente devido a problemas cardíacos, Fredy Perlman deixou-nos um legado de diversos escritos que ainda hoje são lidos e discutidos e que reflectem a sua visão heterodoxa, mordaz e desconstrutora das variegadas falácias das distintas ideologias, do capitalismo ao próprio anarquismo. Apesar de tudo, enquanto pensador livre, foi no seio de uma forma de pensamento mais radical, afecto à crítica do progresso e da industrialização, que Fredy Perlman se instalou, tendo, entre outras coisas, colaborado com a companhia de teatro Living Theatre, com a revista anarquista The Fifth Estate, sido fundador e editor da revista Black & Red que se viria a converter numa editora que publicou autores como Guy Debord, Jacques Camatte, Piotr Arshinov e os seus próprios escritos como são exemplo Against His-Story, Against Leviathan, Letters of Insurgents, The Strait ou Manual for Revolutionary Leaders . Dos seus escritos menores, destacam-se A Reprodução da Vida Quotidiana, A Contínua Atracção do Nacionalismo ou O Anti-Semitismo e o Pogrom de Beirute, incluídos nesta colectânea.

Textos Subterrâneos, 2015
20h
Jantar
22h
Apresentação do livro “Para uma história da repressão do anarquismo em Portugal no século XIX de Luís Bigotte Chorão, seguido de «A Questão Anarchista» de Bernardo Lucas” – a cargo do editor
Sem que houvesse em Portugal razões de ordem pública que o justificassem, e sendo desconhecida entre nós – diferentemente do que sucedia em França e Espanha – a propaganda pelo acto, e naturalmente desconsiderando o discurso lombrosiano sobre os riscos da repressão, o ministro apresentou a 8 de Fevereiro de 1896 uma proposta de lei na Câmara dos Deputados que foi justificada pela «exigência imperiosa da segurança das pessoas e da propriedade».
A nova lei destinava-se a «prevenir gravíssimos atentados contra a ordem social» e a «reprimir qualquer tentativa de propaganda de doutrinas subversivas» que provocassem ou incitassem à execução desses atentados. A comissão de legislação criminal logo se pronunciou, para observar que de há muito se vinha revelando em Portugal a existência do mal anarquista, «se bem que por formas relativamente atenuadas». Porém, os acontecimentos recentes reclamavam, no entender da comissão, a existência de leis «eficazmente repressivas».
Letra Livre, 2015
26 DE SETEMBRO (sábado)
15h
Abertura
16h
Apresentação do livro “¿Por qué no nos dejan hacer en la calle? Prácticas de control social y privatización de los espacios en la ciudad capitalista” do Grupo de Estudios Antopológicos La Corrala – a cargo dos autores
Democracia, cidadania e espaço público são conceitos que no discurso político se intersectam e que sustentam a concepção, pelos municípios, de normativas que pretendem fomentar e garantir a convivência cidadã no espaço público. Decretos municipais que trazem consigo dinâmicas que estão longe de contribuir para o objectivo que dizem perseguir, como a progressiva privatização do espaço público e o controlo social da população. Dinâmicas que se integram num modelo de cidade centrado na imagem e no potencial turístico; uma cidade individualista, capitalista e segregadora; uma cidade que dificulta o encontro das pessoas que a habitam; uma cidade em que não se vive, sobrevive-se. E uma das formas de o conseguir é, precisamente, naturalizando uma vida cada vez mais regulada.
Asociación de Estudios Antropológicos La Corrala e COTALI, 2013
http://gealacorrala.blogspot.pt/
18h
Apresentação do livro “En ese sitio maldito donde reina la tristeza… Reflexiones sobre las cárceles de animales humanos y no humanos” da Asamblea Antiespecista de Madrid – a cargo dos autores
Um imenso edifício no meio do nada, grandes muros de betão, arame farpado. Indivíduos privados da sua liberdade, as horas contadas, a comida insípida, pequenos compartimentos em que não se podem mover. Indivíduos que sofrem, que querem escapar, que escapam e se revoltam. Gente que dedica o seu tempo e a sua energia a lutar contra a injustiça oculta por detrás desses muros. Gente que dedica a sua vida a manter esses muros, a privar os outros da sua liberdade, gente que enriquece à sua custa. E uma sociedade que olha para o lado, que o legitima, que se beneficia, que participa voluntária ou involuntariamente na sua engrenagem.
Podíamos estar a falar de qualquer prisão. Podíamos estar a falar de qualquer centro de exploração animal. Nem estes lugares são tão diferentes entre si, nem roubar a liberdade a indivíduos humanos é tão diferente de roubá-la a indivíduos de outras espécies. As vidas de uns e de outros são muito parecidas; os valores que perpetuam a sua opressão e a sua prisão são os mesmos.
E uma jaula é sempre uma jaula.
Ochodosquatro ediciones, 2014
http://ochodoscuatroediciones.org
20h
Jantar
22h
Concerto de hip-hop com:
Boss (Amadora)
Xoto (Setúbal)
Calla La Orden (Madrid)
27 DE SETEMBRO (domingo)
15h
Abertura
16h
Apresentação da revista anti-desenvolvimentista e libertária, Argelaga – a cargo do editor
Ao alcançar os seus limites internos e externos, o capitalismo ficou permanentemente em crise e continua a sua marcha através de inúmeros confrontos. Pondo de parte a geopolítica militar, responsável pelas guerras por controlo de recursos, e limitando-nos às condições locais, existem dois tipos de luta capazes de questionar a natureza do sistema: as lutas urbanas e a defesa do território. Nos aglomerados urbanos existem resistências contra a exclusão e o endurecer da repressão que exige o controlo das massas excluídas. São um bom exemplo as lutas contra os despejos, as privatizações, a precariedade e os abusos jurídico-policiais. No entanto, é no território não urbano onde surgem os maiores conflitos, os que agravam as condições de vida e põem em perigo a sobrevivência da população, e que, por isso mesmo, são os que podem contribuir com uma maior consciência anti-desenvolvimentista. O território periurbano, expurgado de actividades agrícolas, converteu-se em cenário de grandes projectos especulativos sem nenhuma utilidade para os seus habitantes: prospecções de petróleo e gás não convencionais, construções de grandes infraestruturas, de macroprisões, de lixeiras, de centrais de incineração, de centrais energéticas, de casas de férias, etc. Por isso mesmo, a defesa do território contra o seu reordenamento explorador constitui o eixo por onde passa a luta anti-desenvolvimentista, defesa que conta com a particularidade de ir além do horizonte rural: os seus defensores procedem maioritariamente dos aglomerados urbanos.
https://argelaga.wordpress.com/
18h
Apresentação do livro “Nell’acquario di Facebook: la resistibile ascesa dell’anarco-capitalismo” do Gruppo di Ricerca Interdisciplinare Ippolita – a cargo dos autores
Neste livro, o grupo italiano de pesquisa interdisciplinar Ippolita, activo desde 2005, percorre os bastidores do Facebook, questionando sobre as origens, os objectivos e a visão do mundo promovida por uma das estrelas do turbo-capitalismo. O anarco-capitalismo é um marco cultural que nos permite ligar a nova geração de empreendedores californianos, adeptos do capitalismo sem estado nem regras, com os novos fenómenos político-sociais como o Partido Pirata e o Wikileaks.
Como qualquer outro tipo de rede social privada, o Facebook não é na realidade gratuito. A moeda de troca somos nós próprios. Sob a ilusão do entretenimento, todos nós estamos trabalhando para a expansão de um novo tipo de negócio: o negócio das relações sociais. Se o Google distribui verdade, o Facebook gere relações. Tudo para o benefício da humanidade e da sociabilidade. Em nome da tão proclamada liberdade de informação. Uma liberdade automática garantida pela rede. A liberdade de uma sociabilidade crescentemente mecanizada.
O avanço da doutrina de transparência radical está rapidamente a levar-nos a uma distopia que, simultaneamente, remete para Huxley e Orwell. Diga tudo sobre si próprio e será livre, até dos seus desejos. Algoritmos responsabilizar-se-ão pela selecção e escolha dos bens e produtos de consumo feitos exactamente à sua medida. Estes algoritmos utilizados na publicidade online pelos novos donos do mundo digital – Facebook, Apple, Google e Amazon – são os mesmos utilizados pelos governos ditatoriais ou “democráticos” para uma repressão personalizada. O colectivo Ippolita defende que não nos podemos render à lógica da conspiração ou da paranóia, mas sim procurar desenvolver novas formas de vida autónoma na nossa sociedade em rede.
Ledizione, 2012
Outros livros deste colectivo:
Open non è Free (2005), The Dark Side of Google (2013) e La Rete è libera e democratica – FALSO (2014).
20h
Jantar
22h
Performance “Ohongo”
África, sem sinopse!